Depois de tempos, retorno ao meu abrigo, meu refúgio, que mesmo depois de todos os terrorismos sofridos, se mantém intacto em algum lugar secreto, - e talvez despossuído de prazo de validade definido. Guardo ainda comigo meu “sentimento de estimação”. Eu bem sabia que ele persistiria em mim, em um cantinho qualquer do meu peito, porém, não me deixou em nenhuma cláusula do nosso contrato, que no mais inesperado momento pudesse ressurgir das cinzas, assim como uma fênix, e me causar outra vez essa sensação que já não sei mais definir como vem, e que dirá com qual finalidade.
Por trás de festas, luzes, noites em que amanheci acordada, bebidas, música alta, cenários improváveis, rostos desconhecidos, bocas que procuram apenas por prazer, um salto alto a cada semana e um sorriso fingidor de que tudo está caminhando como deveria, reflete nos momentos sós uma pessoa insana, sozinha em meio a tanta gente, e que se perde e se contesta em uma seqüência de atitudes assinando sua reprovação diante de quem tanto almeja ser aceita, na espera de um sorriso que expresse positividade. Encontro-me. Sem nenhuma prévia intenção de atingir negativamente meu alvo maior; sem nenhuma maldade, esperando que o deus criado por mim não se enraiveça por qualquer uma das minhas atitudes impensadas. Essa sou eu quando penso no que, por quatro estações me deixou sem caminho para amar senão a ele mesmo e seu ego tão elevado.
Admiro-o. Se pudesse escolher apenas um sentimento para dá-lo, admiraria-o sem titubear. Motivos não me faltam. Tenho-o como um homem em descoberta da vida, mas que já sabe com precisão utilizar os aprendizados que ela o ofereceu, sem pecar. A boa cabeça, o discernimento tão bem feito entre o certo e o errado me põe à prova de que ainda tenho muito a conhecer e trabalhar, para então deixar de apanhar das minhas vivências. Vejo este como sendo o ponto mais forte do rapaz. Muito mais até do que seu par de olhos sérios, seu sorriso largo, preenchido por dentes bonitos, ou então por sua altura, seu porte másculo, de músculos visíveis, barba por fazer que me tenta. Nem mesmo as mãos - que por alguma razão que é sabida apenas por meu subconsciente -, nas quais tanto sou afeiçoada vencem os pensamentos tão bem organizados.
Fracassei. Talvez não tenha correspondido às expectativas do meu modelo correto a ser seguido e então deixei de ser para “sê-lo” – em vão –, melhor então, que eu diga que FRACASSAMOS, no plural. Não errei sozinha, aliás, a princípio, não errei, porém as situações foram se complicando e eu não me adaptei à Seleção Natural imposta. Fui ingênua, amei-o antes de mim mesma, aceitei, e até me humilhei por migalhas, por restos condensados em vontade de sentir prazer. Até este ponto, pelo menos um aprendizado eu pude ter e aqui tento repassar: nunca deixe que a carne comande o coração; os estragos podem ser grandes e, aqui, foram. Conclusão: não estou inclusa nos postulados de Darwin. Por favor, uma caneta, e... Onde posso assinar concordando com a teoria do tal?
No fim – agora certeiro - com todos os ônus, ao menos um bônus: desapeguei-me até, rompi um pouco com esse elo tão resistente, semelhante a um cordão umbilical, que une um filho a uma mãe e os deixa para sempre ligados, dependentes, mesmo que crescidos e vividos. Foi se perdendo; porém, agora não mais eu, e sim o que éramos. Perdi o tesão por mais improvável que isso tenha sido por quase dois anos. E não foi só a atração carnal que se esvaiu. Ao jovem arrasador de corações, digo adeus à vontade de lutar, à perseverança em um romance às avessas, afirmando que o que começou errado não se prolonga, pelo menos até que o inconseqüente-relâmpago retorne à caça animalesca de sua presa mais uma vez e, então, um novo ciclo torturante recomece. Torço para que não!

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