Cara, e se eu estiver gostando
mesmo de você? Que é que a gente vai fazer disso? Dessa minha vontade absurda
de te querer por muito mais que duas horas e um orgasmo. Dessa minha ansiedade
de ter que esperar a semana passar pra eu poder te ver de novo. Dessa minha
necessidade de ter seus olhos poderosos sugando qualquer restante do meu
controle quando estou perto de você. Dessa minha fascinação pelo seu sorriso
que a mim soa tão ingênuo e pueril. Dessa câmera fotográfica milimétrica na
qual meus olhos se transformam ao registrar cada detalhe marcado no teu corpo;
suas pintinhas tão delicadas, no rosto, do lado direito, um pouco acima dos
pelos magnéticos da tua barba; e não só ali, mas também em todos os outros
cantos escondidos da sua pele clara que me fazem sentir privilegiada em poder
saber que elas estão ali. Que é que a gente vai fazer disso? Das suas mãos que
se prendem à minha cintura e dos seus dedos que me fazem contorcer o quanto
posso. Dos seus gemidos de prazer enquanto te sinto por toda extensão que minha
língua permite. E da sua retribuição não menos prazerosa. Que é que a gente vai
fazer das mensagens trocadas com uma malícia que não sobressai o meu carinho? E
das vezes em que você quiser dormir sobre o meu braço que torno imóvel pra que você
não acorde. Dos seus pés branquinhos e tão bem cuidados que eu sempre quero
massagear na tentativa de aliviar com toda vontade um pouco do seu cansaço de
todo dia. E dos meus dedos que se perdem em meio aos seus cabelos curtos
querendo nunca mais voltar. Que é que a gente vai fazer desse meu medo terrível
de me apaixonar perdidamente por você? De me por a prova dos meus próprios monstros em
troca da liberdade do meu coração. Que é? Que é que a gente vai fazer? Dessa minha
compulsão pela sua voz. Dessa minha veneração pela tua beleza. Dessa minha
adoração pela tua barba que arrepia todos os meus poros quando vai de encontro à
minha nuca. E até da sua barriga que eu adoro que não seja malhada. Que é que
eu vou fazer pra acabar com essa desconfiança do que eu sinto? Que é que eu vou
fazer pra exterminar todos os indícios de resistência á você? Ainda que seja
pra eu quebrar a cara e o coração outra vez; ainda que seja por você. Que seja
só por você. Você que tomou o lugar de tantos altos, e loiros, e sarados, e estúpidos,
e de outros bilhões que poderiam me habitar. Você que eu escolhi pra ocupar esse
lugar vazio há tanto tempo – se é mesmo que isso se escolhe. Você que ganhou esse
espaço em tudo que é meu e que agora não me deixa mais só, tampouco livre das
lembranças diárias. A vaga é sua, meu bem, e como promovido à minha paixão, está
encarregado de decidir a próxima cena desse nosso espetáculo ainda sem roteiro
a ser dirigido. A final de contas, que é, então, que a gente vai fazer disso?
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Cuidado! Produto tóxico
(...) E como se não bastasse essa minha idiotice súbita por você, hoje fiz pior. Passando pelas prateleiras da farmácia, ao invés de me atentar a qualquer remédio que fosse efetivo contra essa doença com a qual você me contaminou, vi em destaque, à minha altura e disposição, dezenas daquele desodorante que você usava e entupia o quarto com essa fragrância forte, esse cheiro de homem que por tanto tempo foi meu perfume favorito. No começo estranhei a essência do dorso da minha mão. Fazia tanto tempo que não te sentia que demorei a reconhecer esse cheiro impregnado na minha pele. Mas a memória do corpo... ah, essa consegue ser ainda mais intensa; e depois das respirações profundas que pareciam fazer multiplicar o tamanho dos meus pulmões pra que coubesse um pouquinho mais de você aqui dentro, de novo te senti. Me veio pra lembrar que era esse mesmo o aroma que você exalava enquanto me intoxicava de amor. Pronto. Já pode começar a rir da minha cara agora mesmo, depois de ler essa babaquice infinita. Tô merecendo, eu sei. Mas enquanto você ri e debocha, eu continuo aqui, sentada, escrevendo, e entre um minuto e outro levando minha mão direita ao encontro das minhas narinas asfixiadas por você. (...)
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Na linha (editado)
Eu não queria escrever sobre
você. Depois eu quis, mas não me deixei. Aí passou a vontade e eu já não queria
outra vez. Mas eu tô tão sem ter o que fazer que eu acho que isso me parece o
melhor pra hoje que tô meio down e sem nenhuma programação pra noite. O
brigadeiro eu já deixei pronto na cozinha. Tá esfriando sobre a mesa pra me
fazer companhia ao longo dessas palavras melancólicas que sei que logo virão.
Coisa de gente depressiva mesmo. Que quando se vê frente a um possível conflito
amoroso acha que o mundo vai acabar, que o sofrimento dará as boas vindas e no
fim das contas dispensa qualquer esperança à vida afetiva. Repito: tudo por um possível conflito!
Mas já que agora eu comecei não
vou ficar enrolando, então. Se o que tava me impedindo de voltar aos escritos
era o medo de que as palavras me trouxessem involuntariamente e
avassaladoramente pra mais perto desse sentimento atrevido que ando tendo por
você, já era! A sorte foi lançada. Á essa hora, também, o brigadeiro já tá no
ponto certo pra ser devorado entre uma colherada e outra bem aqui do meu lado,
na doce ilusão – literalmente – de que esses vômitos literários que costumo
expelir me tragam algum resultado ou solução para as minhas paranóias e
complicações emocionais (como nunca trouxeram), que não seja o meu ego inflado
em alguns casos relendo inúmeras vezes a ‘obra’ que fui capaz de redigir. Bom,
ao menos a minha auto-estima esse exercício da mente consegue ressaltar.
Sabe que eu não sei como é que eu
fui deixar isso acontecer? Eu até que tava conseguindo, sabe-se lá como, me
apaixonar outra vez. Mas apaixonar mesmo, deixando entrar em cena aquele
friozinho na barriga, a insegurança ao falar; essas coisas bobas e tão gostosas
que caracterizam o florescer da paixão. Mas acho que ainda era feto, semente
que não se desenvolveu, tampouco desabrochou. Vai ver que não resistiu às
milhas e milhas distantes que o avião levou temporariamente pra longe e que em
troca me trouxeram uma situação inenarrável – por mais que agora eu esteja aqui
tentando contá-la.
Protagonizando: o cara! Pele
clara, voz aveludada e de bom tom, um nariz empinado e pontiagudo que exprime a
dose exata de delicadeza para um rosto masculino, e que assenta tão bem com os
olhos que ainda não sei se são verdes ou azuis porque eles sempre me hipnotizam
quando estão fixos e de encontro aos meus. Ah, o seu olhar... Não bastassem as
íris claras, as sobrancelhas arqueadas com aquele contorno que nunca é certo
numa face masculina dão uma graça a mais ao rosto que tanto me fascina. Jamais
poderia me esquecer de lembrar também da barba que é praticamente um ímã para
as minhas mãos, e lábios, e nuca, e costas, e lábios outra vez, e todo o corpo.
Esses pelos que pra mim são fundamentais em um homem, nele esbanjam beleza.
Sensualidade. E em mim, desejo.
Pois é, meu bem, já pode se
pronunciar e bater no peito orgulhoso por se reconhecer como o dono das
características mencionadas logo ai, porque é de você mesmo que eu falo. E falo
com fervor! Com vontade. Porque é assim que tenho ficado, ainda que
receosamente, quando o assunto se volta pra ti. E isso me assusta, viu. Temo
essa sensação que meu peito por hora experimenta. Não sei bem se é só desejo.
Se é encanto por teu jeito moleque; menino inocente ainda que de corpo
crescido, ou se o pior tá mesmo acontecendo e a paixão resolveu de novo me
visitar depois dessa espécie de aborto espontâneo que sofri após sua chegada –
em relação àquele outro projeto de sentimento que quis começar a palpitar por
essas terras aqui de dentro. Aí eu te peço: se minhas suspeitas se confirmarem,
fala pra mim que não! Não em hipótese alguma. Sei lá, me mostra algum defeito
seu que me faça não querer nem por decreto sua respiração ofegante próxima a
minha boca. Me trate com frieza, com descaso se for o caso, e me ignore também.
Me decepcione, seja grosso, estúpido, faça com que eu me desiluda totalmente
dessa figura que me cativou em progressão geométrica pra que eu não mais sinta a
necessidade dessa sua barba roçando na minha nuca enquanto você dorme me
abraçando com a mão sobre a minha cintura. Não precisa ser verdadeiro nem
precisa ser você porque eu também não acredito que seria, mas sei lá, por um
instante só. Tenta, inventa! Só não continue sendo esse homem que tem ganhado
parte dos meus dias em pensamentos e recordações, falas reprimidas, e olhares perdidos
e distantes dentro de casa e mais do que atentos em meio às ruas da cidade na
esperança de te ver no shopping, no trânsito ou na próxima avenida que eu venha
a cruzar. Só não continue me encantando nessa velocidade exponencial porque meu
tombo pode ser grande, e se continuar desse jeito, ele logo virá a dividir a
cena com o meu desconcerto que às vezes é tão grande na sua presença. Só não
continue sendo diante dos meus olhos nus esse homem dócil que adormece sobre os
meus braços como uma criança inocente que mal sabe dos perigos dessa vida.
Simples assim, só não continue. Deixe que o único doce permitido a participar
da minha rotina seja esse mesmo brigadeiro que agora já está pela metade
enquanto te lembro e nos lembro. Mas que não seja você. Você que vem se
mostrando tão prazeroso quanto essas colheradas que na segunda-feira só me
trarão arrependimento.
E quanto prazer! Um dos grandes
responsáveis pelos flashes que já disse serem cada vez mais freqüente na minha
rotina atualmente entediante dominada pelo ócio das férias. É só eu fechar os
olhos que logo me surgem os seus quando pesa seu corpo sobre mim; eles se
cerram, quase se fecham inteiramente, entregues à satisfação que compartilhamos
e proporcionamos aos nossos corpos: nus, suados, exalando além dos nossos
fluidos, a complacência que é destaque em nosso tato, no nosso toque. Me enche
de tesão poder ver seus espasmos mais íntimos e sinceros, sua rendição a mim
que naquele momento, ao menos, te possuo. Me delicio ao te ver de pernas
trêmulas, gemendo, e às vezes contendo a respiração que parece difícil sair em
meio a essa explosão de hormônios que correm aí dentro. Me deleito com essa
imagem e ponho um sorriso malicioso na boca. E na boca ponho tudo o que você
quiser.
Á essa hora eu já nem me importo mais com o meu prazer porque o seu já transcendeuem mim. E quando ele passa você
continua a me estimular com sua inaptidão a qualquer tipo de resposta que te
possa ser cobrada; mínima que for, porque nos minutos seguintes você não consegue
levantar um dedo sequer. É essa malemolência que me satisfaz; o que me contempla
é esse momento sublime entre nós dois: saber que fui eu quem te causou essa
turbulência de sensações maravilhosas.
Á essa hora eu já nem me importo mais com o meu prazer porque o seu já transcendeu
Missão cumprida.
Mas já não tenho mais tanta convicção de que isto me basta. De que seu prazer é suficiente pra me manter à sua disposição toda semana, embora eu queira que isto não se cesse, é óbvio. (...) Soa um tanto quanto contraditório pra quem se põe em minha frente e vê essa renúncia que faço a uma possível paixão. Logo eu que tenho dito a quem quiser ouvir que meu único receio é de nunca mais me apaixonar louca e perdidamente por alguém. Entretanto, as circunstâncias dessa aventura não me deixaram criar asas pra voar e explorar esse sentimento de toda maneira que me coubesse. Seria tortura, masoquismo – uma experiência suicida. E esse tipo eu já conheço e não quero relembrar, tampouco reviver. Deixo que nas minhas memórias restem apenas os sorrisos que você me deu, os prazeres que me ofereceu, a minha loucura que me permitiu te conhecer e todas as associações que serão inevitáveis.
Mas já não tenho mais tanta convicção de que isto me basta. De que seu prazer é suficiente pra me manter à sua disposição toda semana, embora eu queira que isto não se cesse, é óbvio. (...) Soa um tanto quanto contraditório pra quem se põe em minha frente e vê essa renúncia que faço a uma possível paixão. Logo eu que tenho dito a quem quiser ouvir que meu único receio é de nunca mais me apaixonar louca e perdidamente por alguém. Entretanto, as circunstâncias dessa aventura não me deixaram criar asas pra voar e explorar esse sentimento de toda maneira que me coubesse. Seria tortura, masoquismo – uma experiência suicida. E esse tipo eu já conheço e não quero relembrar, tampouco reviver. Deixo que nas minhas memórias restem apenas os sorrisos que você me deu, os prazeres que me ofereceu, a minha loucura que me permitiu te conhecer e todas as associações que serão inevitáveis.
Ainda não sei como seremos nessa
vida. Se voltaremos a nos ver, se nossa – até então – última vez me servirá de
reticências para os próximos dias, se a esperança vai me consumir, se vou me
negar a prosseguir, ou se a você vou me render. Isso só quem vai poder dizer
são as surpresas que a vida nos reserva, que tanto existem que se comprovam com
o que já nos proporcionaram até hoje. Minha vontade era logo por um ponto final
nessa angústia de não saber se ainda posso esperar uma ligação sua, mas acho
que minha paciência não foi testada o suficiente e talvez por isso eu ainda
deva roer algumas unhas, comer compulsivamente, voltar às suas fotos, reler essas
palavras e ouvir algumas músicas que me faça te ter de volta em pensamentos até
que alguma nova constatação me coloque diante de uma postura fixa em relação a
você, seja pra ficar ou pra, de uma vez por todas, entender que você na minha
vida foi apenas um flash, uma estrela das mais brilhantes que passou por esse
meu céu avermelhado e pulsante envolto de artérias e muitos sentimentos retidos.
Por enquanto eu me despeço e hoje fico só com o meu brigadeiro, pois, por mais
que ele ainda possa me trazer algum prejuízo, ao coração, pelo menos, sei que
me fará bem e este eu preciso recuperar.
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