sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
Cuidado! Produto tóxico
(...) E como se não bastasse essa minha idiotice súbita por você, hoje fiz pior. Passando pelas prateleiras da farmácia, ao invés de me atentar a qualquer remédio que fosse efetivo contra essa doença com a qual você me contaminou, vi em destaque, à minha altura e disposição, dezenas daquele desodorante que você usava e entupia o quarto com essa fragrância forte, esse cheiro de homem que por tanto tempo foi meu perfume favorito. No começo estranhei a essência do dorso da minha mão. Fazia tanto tempo que não te sentia que demorei a reconhecer esse cheiro impregnado na minha pele. Mas a memória do corpo... ah, essa consegue ser ainda mais intensa; e depois das respirações profundas que pareciam fazer multiplicar o tamanho dos meus pulmões pra que coubesse um pouquinho mais de você aqui dentro, de novo te senti. Me veio pra lembrar que era esse mesmo o aroma que você exalava enquanto me intoxicava de amor. Pronto. Já pode começar a rir da minha cara agora mesmo, depois de ler essa babaquice infinita. Tô merecendo, eu sei. Mas enquanto você ri e debocha, eu continuo aqui, sentada, escrevendo, e entre um minuto e outro levando minha mão direita ao encontro das minhas narinas asfixiadas por você. (...)
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