domingo, 29 de janeiro de 2012
"Preciso demais desabafar"
Não cheguem perto. Pelo menos por esses dias, não, assim com certeza será melhor pra mim e pra quem pelas redondezas estiver. E olha que eu nem tô de TPM, hein. Aliás, isso não me pertence, mas algum parente meio torto e de sintomas parecidos com o dela, resolveu por hora aparecer e se apossar desse corpo que carrego. Tudo me irrita, nada me agrada, tampouco anda me satisfazendo. A cidade não colabora, mas o tédio em contrapartida, não me faz esquecer por um minuto sequer da sua presença impiedosamente assídua no meu dia a dia. Férias? Pelo andar dos fatos preferiria que elas já tivessem me dado adeus há dias, semanas talvez. Mudaria a ordem das coisas: pegaria no batente o quanto antes. Na faculdade pra matar de vez a curiosidade que me aguça tanto sobre o curso que pretendo seguir fielmente, no inglês pra acabar definitivamente com esse sofrimento prolongado por nada menos que seis anos, no espanhol pra que ao menos uma vez na semana eu tenha meus risos garantidos por duas horas, e nas possíveis e futuras atividades remuneradas, porque quem sabe assim eu dependa um pouco menos dos meus progenitores quando não tenho a mínima vontade de dar satisfação da finalidade do dinheiro que, com tanto receio, os peço. E em troca, pediria folga das pessoas. De umas que me cansam, das outras que me dão enjôo, daquelas que ridiculamente me ignoram. Dos fúteis, improdutivos, supérfluos e desnecessários. Irritantes – ao menos a mim.
Quero mesmo é sentir os ares desse ano que, de novo, ainda não conseguir avistar um único dia. Tá tudo igual, tudo na mesma. Talvez eu precise mesmo é da rotina pra me convencer de que não sou mais o ano que há quase um mês se despediu da humanidade. Se for assim, que venham então os meus dias programados esbanjando novas responsabilidades e ocupações úteis à minha cabeça que anda cansada da mesmice, à minha cabeça que ainda não passou do trinta e um de dezembro, à minha cabeça que insiste em se ligar como um ímã em pessoas que de dois mil e onze não deveriam sair. Namorado eu não sei o que é, nunca foi minha prioridade saber, mas talvez eu esteja sentindo pela primeira vez a necessidade de um. Um que me diga, olhando nos meus olhos, que sou mais do que a carcaça que os meros moleques anteriores viam, pois por mais homem que cada um deles se julgasse, nunca passaram de meninos em uma fase indefinida posterior á puberdade; fase que, indubitavelmente, não merece tão precocemente o título de ‘homem’. Algum que não recrimine a minha obsessão pela liberdade que é indispensável na vida de qualquer pessoa, porque antes de casal e dois, todos eram únicos e sós. Qualquer um que não me queira pra gozar os problemas do trabalho, o ego mal massageado pela amada que o rejeita, ou os hormônios a tempo de explodir o corpo que habitam se não forem o quanto antes expelidos.
Mas essa minha personalidade esférica me condena e põe por água abaixo todos os planos e diálogos que minuciosamente preparo em mente. Posso ter sido mal educada aqui, grossa ali, indiferente acolá, e o motivo certamente foi algum desses que me cutucam provocadores. Se não um, todos eles. Não sei ser direta o quanto preciso, e dessa forma evito conflitos com todos que me rodeiam pra deixar que o circo todo se arme aqui dentro – espetáculo privado. Penso demais e sozinha, e as conclusões as quais alcanço, são sempre hipotéticas. Libriana, sempre me ponho em dúvida, e me perco ainda mais nesse labirinto de possibilidades e cogitações, mas nunca certezas. Sofro pela indecisão, por deixar que tudo passe sobre mim, não falo e me castigo. Parece feitiço, um desses que nem um banho com todas as superstições existentes consegue desfazer. E apenas quando o tempo fecha e a chuva se metamorfoseia nas lágrimas que escorrem habilmente minhas bochechas, e fazem o contorno certeiro do meu queixo até descerem de encontro ao meu pescoço, é que transponho em minha face tudo aquilo que minha boca se nega a balbuciar. Falar nunca foi meu forte. Quem quiser me entender, que me decifre, que me sinta, me leia, mas não me fale, não enquanto palavras tivermos.
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