quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Escrevo, logo existo


     Se pensar é logo existir, quase faço as de Descartes minhas próprias palavras. Ao trocar o verbo, me reflito em um pensamento parecido com o do filósofo, pois quando escrevo é que existo. Não sei ao certo o dia em que nasceu em mim essa necessidade absurda de ter que colocar num papel todos os meus pensamentos às vezes tão transitórios, talvez de difícil compreensão e raramente constantes. Provavelmente há uns cinco ou seis anos, e o motivo era comum: paixonites nada mais do que platônicas. Mas de qualquer forma, só sei que preciso. Tomei gosto pela coisa e sempre que vejo o desespero, a melancolia, a felicidade ou qualquer outro sentimento dar sinal de vida nesse corpo que carrego, é frente às linhas ou ao teclado que me refugio confortavelmente.
     Antes de tudo, para mim. É este o destinatário final e primordial de todos os escritos. Estou á frente de qualquer alvo que pareço desejar atingir todas as vezes que transponho em palavras aquilo que minha garganta falha ao tentar dizer e minha boca teme balbuciar. Sou um tanto quanto problemática quando o dever é por para fora tudo o que se pensa e sente, a fim de solucionar possíveis desentendimentos. Não sai, e tentativas não me faltaram para chegar a tal conclusão. Embaraço-me nas ideias tumultuadas dentro da cabeça e acabo por piorar ainda mais a situação que às vezes chega a ser de estado de alerta, tamanha a necessidade do esclarecimento. Por isso, àqueles que já foram transcritos por mim, peço que não se sintam invadidos, porque, embora a suposta exposição possa ser sua, a necessidade é inteiramente minha.
     Vejo que esse texto está mais para uma justificativa das palavras que compartilho, porque há quem tenha uma imagem pejorativa do que coloco aqui, e faz-se valer de comentários infames quando – sei lá porque, já que não gostam daquilo que se deparam – dão o ar da graça ao blog. Tem quem zombe, quem ignore, quem critique sem meros fundamentos e pense que tenho a prepotência suficiente para querer ser a nova Clarice Lispector, já que também escrevo de maneira introspectiva como bem fazia a poetisa. Digo a esses que não! Que nunca tive como objetivo alfinetar alguém enquanto deponho minha vida e menos ainda em me fazer sentir digna de receber a dó de quem me lê. Se hoje prevaleço diante dos fatos que vejo relevantes e merecedores de narrações, é porque sei que os escolhidos para meus relatos terão do outro lado alguém que os acolha, pois enquanto alguns menosprezam, outros elogiam e fazem com que assim eu me sinta ainda mais motivada a continuar: pelo meu próprio bem.

Um comentário:

  1. sua linda! e qualquer semelhança com a vida real (não) é mera coincidência ;) keep going!

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