domingo, 4 de dezembro de 2011

Meu decreto ao desapego


     Só vim pra avisar que não é por inteiro – ainda – mas acho que estou te dizendo adeus. Comemore. Solte foguetes. Dê uma festa, porque daqui eu pretendo fazer o mesmo. E não se preocupe; já me dei o trabalho de organizar tudo o que a mim é necessário: dei fim no seu álbum que fui fazendo a cada nova foto vista, não suo frio mais quando você chega, nem fico com a boca seca quando me cumprimenta, não sinto mais o coração pular quando te vejo depois de semanas de abstinência, e já nem tenho mais tanta convicção sobre aquilo que chegou a ser absoluto.
     Sei lá o que é que aconteceu, mas perdi. Primeiro você, depois o encanto que me fez louca por ti durante esse tempo todo. Meu cansaço por ter trabalhado tanto em vão, talvez seja uma justificativa no mínimo plausível para a ocasião. E que os anjos, e os deuses, e os astros em coro digam amém. E que o universo conspire a favor, e que os ventos soprem pra essa nova direção cada vez com mais velocidade, e que nada me traga a vontade de voltar.
     O amor fica, mas se transforma. O desejo de ser fiel, amar-te e respeitar-te na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, por todos os dias das nossas vidas, agora vem a ser apenas recordação: do meu primeiro toque, do meu primeiro gosto, da minha primeira sensação de tesão, e sobretudo, do meu primeiro amor. Ficam também suas lições que na marra tive de tentar decifrar e aprender. Parabenizo-te pela complexidade que comporta.
     Assino embaixo do teu acordo que já fora tantas vezes a mim proposto e desacorrento-me de ti. Tento. Com fé e vontade. No fim das contas acho que saquei que a gente não combina mesmo, sabe. É visível que não concordo com seus vários momentos grosseiros e nem você com os meus muitos liberais. Deixa como está, que assim não volta. E que prevaleçam as coisas boas que realmente valeram a pena. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”

2 comentários:

  1. as vezes acho que você vive dentro da minha cabeça. eu podia ter escrito isso, sem tirar nem por! seus textos acompanham minha vida, Bia...linda.

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  2. Lelêeeeee, obrigada, obrigada, obrigada! Sinta-se em casa, então. =)
    beijo, beijo!

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