Parece um detector. Uma olhada em volta do ambiente, um reparo no salto ou na roupa da menina ali do canto, e nada de importante. Um cara atraente em meio a uma roda de amigos e “Hmm, que gracinha”. Os olhos captam e apitam as qualidades que nos agradam e os flertes começam. Olhares, sorrisos e enfim a aproximação. “Oi, tudo bem?” A partir daí, ninguém sabe até onde a conversa vai fluir. É instinto e não tem o que fazer. Sair com as amigas, rir e revezar assuntos sérios com todas as futilidades que temos em mente é bom sim, mas se surge no caminho uma possível companhia do sexo oposto, melhor ainda. Se o papo foi bom e os dois encontraram interesses em comum, provavelmente o encontro se estenderá e obviamente, o beijo vai acontecer.
Passado o primeiro momento e o beijo dado, as coisas já não são mais como no princípio. O objetivo foi alcançado e o brinquedinho já não tem mais nenhuma surpresa. O que era fogo começa a esfriar e nessa fusão, a água prestes a virar gelo já é constante. Aquela história de que “figurinha repetida não completa álbum” ainda é o lema da vida de alguns cuecas que parecem fazer questão de retardar o próprio cérebro, tamanha babaquice que sustentam e que nós, mulheres, por vezes ainda nos deixamos levar mesmo sabendo até onde essa marmelada pode acabar. Sendo parte desse grupo feminino que já não deposita fé alguma em qualquer atitude surpreendentemente positiva provinda de qualquer barbado que seja, adentrei-me a um novo estado civil.
Atualmente, se me perguntarem, respondo que estou preguiçosa. Isso mesmo, nem solteira, nem namorando e menos ainda casada. Essa instabilidade que hoje é tão fácil de se ver nos relacionamentos chega a me dar preguiça – de querer, de investir, ir atrás e se envolver, porque o resultado é sempre o mesmo: dedicação de mais e retribuição de menos. Educadas à moda antiga, necessitadas de palavras carinhosas e gestos cavalheiros que nos façam sentir requisitadas e queridas, criamos em nossas inocentes cabecinhas a imagem de um homem que, de fato, está em extinção. Não peço a ninguém que pague a minha conta ou então abra a porta do carro antes que eu entre ou saia do mesmo. Acho desnecessário. Mas homens, aqui vai uma dica: não folguem nessa gentileza feminina que poupa certos esforços da parte de vocês, para se apossar do comodismo que parece ter tomado conta da boa vontade de bem tratar as moçoilas. Palavras carinhosas – não digo melosas – elevam nosso ego e ainda fazem vocês ganharem alguns pontinhos com a gente, desde que ditas com verdade, é claro! Também são bons referenciais para se dar bem conosco a pontualidade, o compromisso com o que se diz e acima de qualquer coisa, a sinceridade. Muito mais me admira um cafajeste que logo de cara expõe o que verdadeiramente quer e pensa, do que o suposto bom moço que aos poucos mostra suas facetas nada condizentes com o que antes foi anunciado. Ah, e sem mais moralismos, por favor, porque o visual conta sim, e em certos casos acaba sendo determinante para uma primeira impressão, que (in)felizmente, meus caros, é a que fica. Portanto, capricho na apresentação, até porque não há como negar que a primeira atração é física, e que através de um simples beijo de cumprimentos, não somos capazes de adivinhar suas possíveis qualidades, concordam?!
A falta de interesse em seduzir é grande e como o dito, a preguiça maior ainda. O que fazer? Jogar tudo ao alto e abstrair: as possibilidades fracassadas, os desapontamentos já ganhos, e também as súplicas por aquilo que após balancear os valores, nota-se que não vale a pena, porque existem mulheres demais para homens de menos. Menos caráter, menos educação, menos respeito e consequentemente, menos merecimento de estar ao lado de uma verdadeira amada – de carne, osso e curvas sim, mas também de cérebro, alma, potencial, capacidades às vezes surpreendentes e ainda, sentimentos. Não há muito que fazer e talvez nem seja preciso. O Universo conspira a favor, ainda que não no momento de maior necessidade. Paciência é a palavra chave para receber em troca todos os benefícios já sacrificados pela ansiedade de ter outros pés encostando os próprios em meio ao lençol bagunçado por inteiro na cama, essa espécie de cela que sela o casal. Deixe que floresça a vaidade, o bem estar consigo mesma. O amor próprio também sopra boas vibrações e acredite: ele é o único que nunca vai te trair.

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